Lúpus Erimatoso Sistêmico na Infância
O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença inflamatória crônica, que pode ocorrer em qualquer idade, raça e sexo, porém é muito mais comum nas mulheres, entre 20 e 45 anos. O lúpus na infância e adolescência representa cerca de 15 a 20% de todos os casos de lúpus, e tende a se iniciar e evoluir com sintomas mais graves que o lúpus no adulto, daí a importância do diagnóstico e tratamento precoces.
Embora a causa do lúpus não seja totalmente conhecida, sabe-se que pessoas que nascem com uma tendência genética para desenvolver a doença, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, viroses, alguns medicamentos), passam a apresentar desequilíbrio do sistema de defesa, com produção de anticorpos que reagem contra o próprio organismo e causam inflamação em diversos órgãos.
O lúpus pode causar vários tipos de sintomas. Alguns são inespecíficos como a febre, emagrecimento, aumento das ínguas (gânglios), fraqueza e desânimo. Outros, são mais específicos como:
- artrite (dor e inchaço nas juntas), lesão em asa de borboleta (vermelhidão nas maçãs do rosto e nariz);
- fotossensibilidade (manchas e bolhas devido à exposição ao luz do sol ou claridade, mesmo que de pequena intensidade e duração);
- pleurite e/ou pericardite (inflamação das membranas que revestem pulmões e coração);
- inflamação nos rins (nefrite), que pode variar desde alterações nos exames de urina, até pressão alta, inchaço no corpo e redução do funcionamento dos rins;
- redução dos glóbulos brancos, vermelhos e das plaquetas do sangue;
- inflamação do cérebro (convulsões, alterações de humor e comportamento, depressão, dentre outras).
- a queda de cabelos também é muito frequente, mas na maioria dos pacientes, eles voltam a crescer normalmente com o tratamento.
O diagnóstico é feito através do reconhecimento de um ou mais dos sintomas anteriormente citados, juntamente com exames de sangue e urina. Embora não exista um exame que seja exclusivo do lúpus, a positividade do exame chamado FAN (fator ou anticorpo antinuclear), principalmente em dosagens elevadas, em uma pessoa com sintomas característicos de lúpus, auxilia bastante no diagnóstico.
O tratamento do lúpus depende do(s) tipo(s) de sintoma(s) apresentado e, será portanto, diferente de paciente para paciente. Desta forma, podem ser necessários vários medicamentos nas fases de sintomas e, poucos ou nenhum medicamento nas fases de sintomas controlados ou ausentes. O tratamento inclui remédios para regular o descontrole do sistema de defesa, como os corticóides (cortisona), os antimaláricos (hidroxicloroquina) e os imunossupressores, em especial a azatioprina, ciclofosfamida e micofenolato de mofetil. É necessário enfatizar a importância do uso e reaplicação do protetor solar, nas áreas expostas à claridade, porque a luz do sol pode provocar não somente manchas na pele como também causar ou agravar inflamação dos órgãos internos.
Autora: Dra. Adriana Rodrigues Fonseca
Reumatologista Pediátrica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira / UFRJ
Diretora da SRRJ