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Sinovite detectada pela escala de cinza na ultrassonografia articular prediz o desenvolvimento de erosões nos próximos três anos em pacientes com artrite reumatoide

Sinovite detectada pela escala de cinza na ultrassonografia articular prediz o desenvolvimento de erosões nos próximos três anos em pacientes com artrite reumatoide

O papel da sinovite detectada pelo Power-Doppler (PD) como fator preditor para a evolução com dano estrutural (surgimento de erosões ósseas) em pacientes com artrite reumatoide, mesmo em baixa atividade ou remissão clínica, já está relativamente bem estabelecido na literatura. Muito se discute, entretanto, sobre o papel dos achados pelo modo B (ou escala de cinza) na avaliação e seguimento dos pacientes com artrite reumatoide.  

Esse trabalho, realizado em uma coorte suíça, teve como objetivos avaliar a sinovite pela escala de cinza (GSUS) e Power Doppler (PDUS), separadamente ou em combinação (CombUS), para prever a progressão do dano articular na artrite reumatoide. O desfecho primário foi a detecção de dano articular radiográfico evolutivo, expresso em porcentagem de mudança na pontuação do score de Ratingen (que varia de 0 a 140). Para a avaliação ultrassonográfica foram utilizadas as escalas semi-quantitativas de sinovite para o modo B e PD e combinada (CombUS), e o score utilizado foi o SONAR (em que são avaliados os punhos, 2ª a 5ª metacarpofalangeanas e 2ª a 5ª interfalangeanas proximais de ambas as mãos). Assim, para cada uma das 3 variáveis ultrassonográficas a pontuação poderia variar de 0 a 54. O CombUS pontua o valor mais alto encontrado por articulação (modo B ou PD). Foram considerados, baseado na literatura, como não patológicos, valores de PDUS < ou = 1 para qualquer articulação e GSUS < ou = 8 no score SONAR. A partir desses valores, foram estabelecidos cutoffs adicionais em 50, 75 e 87,5% em todas as variáveis. Os resultados foram ajustados para as medidas de atividade clínica da doença na linha de base, o uso de drogas biológicas e outros fatores de confusão.

Após uma mediana de 35 meses, 69 de 250 pacientes com CombUS (28%), 73 de 259 pacientes com PDUS (28%) e 75 de 287 pacientes com dados disponíveis do GSUS (26%) demonstraram progressão do dano articular. PDUS além do limite superior do normal (1/54), GSUS e CombUS cada um nos percentis 50 (9/54 e 10/54) e 75 (14/54 e 15/54) demonstraram associação significativa com a progressão radiográfica. Nas análises de subgrupos, GSUS além de 14/54 e o CombUS superior a 15/54 permaneceram significativamente associados ao dano radiográfico em pacientes em uso de drogas biológicas, enquanto as medidas de atividade da doença não tiveram poder prognóstico significativo neste subgrupo.

Os autores concluem que as alterações pelo modo B/escala de cinza, além do score combinado com o Power-Doppler, estão associados ao desenvolvimento de erosões futuras, e que o GSUS parece ser um componente um preditor independente da progressão do dano articular em pacientes com artrite reumatoide em uso de imunobiológicos. 

Referência: Moller B, Aletaha D, Andor M. Rheumatology 2020;59:15561565

Autora do resumo: Ingrid B. Moss
Reumatologista da SRRJ
Responsável pela ultrassonografia articular do Serviço de Reumatologia do HUCFF - UFRJ