Triagem na comunidade para reduzir fraturas em mulheres mais velhas: um estudo controlado e randomizado
A diminuição da massa óssea é um problema mundial e uma questão de saúde pública. Atualmente ocorrem aproximadamente de 9 milhões de fraturas por baixa massa óssea no mundo, sejam por osteoporose ou osteopenia. Nos países desenvolvidos, por volta de uma em três mulheres e um em cinco homens com 50 anos ou mais terão uma fratura por baixa massa óssea durante a sequência de suas vidas.
Embora existam métodos eficazes de avaliação e medicamentos para combater a osteoporose e fraturas relacionadas, o rastreamento de pacientes com risco de fraturas no Reino Unido não é atualmente recomendado. Por este motivo iniciaram-se testes de intervenção de rastreamento baseados na comunidade, para avaliar se poderiam reduzir o número de fraturas em mulheres idosas.
Os autores realizaram um estudo randomizado e controlado de dois braços em mulheres com idades entre 70 e 85 anos, para comparar um programa de triagem usando a ferramenta de avaliação de risco de fratura (FRAX) com o manejo usual. Foram recrutadas pacientes do sexo feminino de 100 médicos generalistas em sete regiões do Reino Unido. Foram excluídas as mulheres que estavam em uso de medicação anti-osteoporótica e aquelas que apresentavam quadro considerado incapaz de participar de um estudo de pesquisa (por exemplo, demência conhecida, doença terminal ou luto recente).
O desfecho primário foi a proporção de indivíduos que tiveram uma ou mais fraturas relacionadas à osteoporose durante um período de cinco anos. No grupo de rastreamento o tratamento foi recomendado em mulheres com alto risco de fratura de quadril, de acordo com a probabilidade de fratura de quadril FRAX em 10 anos. Os desfechos secundários, pré-estabelecidos, foram as proporções de participantes que tiveram pelo menos uma fratura de quadril, qualquer fratura clínica ou mortalidade e o efeito do rastreamento na ansiedade e qualidade de vida relacionada à saúde.
Participaram do estudo 12.483 mulheres, sendo que 6.233 foram aleatoriamente designadas para o grupo de rastreamento entre 15 de abril de 2008 e 2 de julho de 2009. O tratamento foi recomendado em 898 (14%) das 6.233 mulheres. O uso de medicamentos para osteoporose foi maior no final do primeiro ano no grupo de rastreamento, em comparação com os controles (15% vs 4%), com uma captação particularmente alta (78% aos 6 meses) no subgrupo de rastreamento de alto risco.
O rastreamento não reduziu o desfecho primário da incidência de todas as fraturas relacionadas à osteoporose, nem a incidência geral de todas as fraturas, mas reduziu a incidência de fraturas de quadril. Não houve evidência de diferenças na mortalidade, níveis de ansiedade ou qualidade de vida. Os autores concluíram que o programa sistemático de rastreamento baseado na comunidade para risco de fratura em mulheres idosas é viável e pode ser eficaz na redução de fraturas de quadril.
Autor: Carlos P. Capistrano
Reumatologista da SRRJ
Referência: www.thelancet.com Vol 391 February 24, 2018