Ultrassonografia no diagnóstico da gota – Valor dos achados patológicos definidos pelo OMERACT
O objetivo desse trabalho foi avaliar a utilidade da ultrassonografia, de acordo com os parâmetros descritos de lesões pelo consenso do grupo de ultrassonografia do OMERACT (Outcome Measures in Rheumatology), no diagnóstico da gota.
Foram incluídos 82 pacientes com suspeita clínica de gota (70 homens), com idade média de 62,4 (variação de 19-88) anos. O exame ultrassonográfico foi realizado em 28 articulações (punhos, 1ª a 5ª metacarpofalangeanas, cotovelos, 1ª a 5ª metatarsofalangeanas, tornozelos e joelhos) e 26 tendões (fibulares, tibial posterior, inserções do tríceps, quadríceps, patelar e aquileu), em que foi avaliada a presença de lesões típicas de gota: sinal do duplo contorno (DC), tofos, agregados e erosões ósseas em comparação com o padrão ouro, que foi considerado como: (a) detecção de cristais em aspirado de articulação ou tofo (resultado primário) e (b) critérios de classificação de gota ACR / EULAR 2015 (secundário). Ambos os padrões de referência foram avaliados por reumatologistas cegos aos achados de ultrassom.
Sessenta pacientes avaliados tiveram o diagnóstico de gota (57 pela presença de cristais no aspirado do líquido sinovial/tofo e 3 classificados como ACR / EULAR-positivos). Todas as lesões de ultrassom tiveram alta sensibilidade para gota (0,77–0,95). DC e tofo mostraram alta especificidade (0,88-0,95), valores preditivos positivos (0,94-0,98) e acurácia (0,82-0,84) quando ambos os padrões de referência foram usados. Baixas especificidades foram encontradas para agregados e erosões (0,32–0,59). O exame das metatarsofalangeanas (para DC ou tofo), do joelho (para DC) e dos tendões fibulares (para tofo) foi suficiente para identificar todos os pacientes positivos para a presença de cristais com sinais ultrassonográficos de gota em qualquer local.
Os autores concluem que a ultrassonografia, conforme definido pelo grupo de ultrassom do OMERACT é uma ferramenta válida para diagnosticar gota na prática clínica e indica que validade foi demonstrada para as duas lesões de ultrassonografia (duplo contorno e presença de tofos). Também sugerem que um protocolo de articulações e tendões consistindo em metatarsofalangeanas, joelhos e tendões fibulares é viável para essa avaliação.
Autora do resumo: Dra. Ingrid Moss
Diretora de comunicação e mídias da SRRJ
Membro da comissão de ultrassonografia da SBR
Referência: Sara Nysom Christiansen et al. Rheumatology 2021;60:239–249
fotos:
legenda: Paciente do sexo masculino, 50 anos, com podagra e ultrassonografia mostrando reforço hiperecogênico da margem externa da cartilagem articular (sinal do duplo contorno) na primeira metatarsofalangeana. Arquivo pessoal da autora do resumo.