Minha (nada mole) vida de residente de Reumatologia
O assunto é: crise existencial na residência (quem nunca?)
O ano é 2007... Segundo ano de residência de Reumatologia no famoso “hospital do fundão”. Uma típica manhã de quarta-feira no ambulatório da sala 246, ou seja, pra quem não conhece, nada perto de uma manhã calma (o que, pelo que sei, não mudou muito nos últimos 10 anos).
Durante uma consulta de rotina acabei por solicitar um exame desnecessário para uma paciente. Durante a revisão da consulta com o preceptor, quando mencionei a solicitação do exame, começou a sessão de questionamentos e puxões de orelha... Ouvi uns bons dez minutos de motivos pelos quais eu não deveria ter pedido o tal exame, em diferentes tons de voz e com diversos argumentos.
Terminei a manhã árdua de atendimentos pensando em tudo que tinha ouvido, e no final do ambulatório desabei em lágrimas... Passaram os momentos e escolhas todos na cabeça, as dúvidas, as certezas... E a única certeza foi essa: ir ao shopping!
Na manhã seguinte, sessão de Radiologia, sete e meia da manhã... Estava eu lá... Com um par lindo de sapatos novinhos em folha (e não, não comprei só um... foram três!). Abracei meu querido preceptor e “fizemos as pazes”, que custaram quase metade da minha bolsa da residência.
Até hoje quando nos encontramos rimos bastante daquele dia. Até hoje uso esse exemplo quando converso com os residentes do serviço, e até hoje tenho muito mais dúvidas que certezas na vida. Só não compro mais tantos sapatos quanto antes ...só de vez em quando.
Autora: Ingrid Bandeira Moss
Residente de Reumatologia 2006-2007 do serviço de Reumatologia do HUCFF-UFRJ