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Dor vertebral na artrite psoriásica: definindo prevalência, características, e desempenho dos critérios de dor lombar inflamatória na artrite psoriásica.

A Artrite Psoriásica/psoríaca (AP) é uma doença articular inflamatória associada com Psoríase cutânea e/ou ungueal. Esta doença tem um amplo espectro de manifestações clínicas, que passam pelo envolvimento de articulações periféricas com artrite, entesite, dactilite e envolvimento inflamatório axial. O envolvimento axial é um fator de gravidade, uma vez que pacientes com este acometimento podem apresentar artrite periférica mais agressiva, quando comparados com aqueles sem inflamação axial. Assim sendo, o reconhecimento do envolvimento axial pode ajudar para estratificar estes pacientes para tratamentos mais incisivos.


Contudo, o reconhecimento clínico do acometimento axial pode não ser tão fácil. Este estudo teve como objetivo determinar a concordância entre dor lombar inflamatória (DLI) avaliado pelo reumatologista, os critérios que definem DLI em pacientes com AP e valor preditivo de DLI na identificação de envolvimento axial na AP. Para este fim foram utilizados dados coletados prospectivamente. Foram investigados a concordância entre o julgamento reumatológico dos critérios de DLI e DLI (Calin, Rudwaleit e ASAS) usando o coeficiente de kappa. Também foi determinado a sensibilidade, especificidade e razão de verossimilhança da presença de DLI, julgado pelo reumatologista e os três critérios de DLI para detecção AP axial. Por fim foram comparados marcadores clínicos e genéticos em pacientes com AP com alterações radiológicas axiais com e sem dor vertebral.


Foram identificados 171 pacientes (52% do sexo masculino, com média de idade de 46,6 anos), 96 pacientes (56,13%) relataram dor lombar crônica, 65 (38,01%) tinham DLI e 54 dos pacientes (32%) apresentavam evidências de alteração radiológica na coluna vertebral. A concordância entre o julgamento do reumatologista e o critério de DLI foi maior para o critério de Calin (0,70). A razão de probabilidade positiva para a presença de acometimento axial radiológico foi maior para os critérios de Rudwaleit (2,17). Não foram encontradas diferenças entre os pacientes com AP axial com ou sem dor vertebral, exceto pelo maior BASDAI (índice de atividade de doença na espondilite anquilosante) e menor prevalência de antígeno leucocitário humano-B*38 naqueles com dor vertebral.


Os autores concluíram que a DLI avaliada pelo reumatologista ou os critérios desenvolvidos para DLI na espondilite anquilosante podem não ter bom desempenho quando se verifica o envolvimento axial na AP. Além disso, as alterações radiológicas axiais foram semelhantes em pacientes com queixa de dor lombar e aqueles sem esta sintomatologia. Assim, a fim de estratificar os pacientes com pior prognóstico, os reumatologistas devem considerar a realização de exame de imagem em todos os pacientes com AP, independentemente da presença ou da natureza da dor vertebral.
 
Autor: Dr. Carlos P. Capistrano
Reumatologista da SRRJ
Referência: Yap KS, et al. Ann Rheum Dis 2018;0:1-5. Doi:10.1136/annrheumdis-2018-213334