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Carta aos Associados

Não Precisa Explicar. Eu Só Queria Entender!

A história é testemunha ocular das inúmeras brutalidades humanas. Em nome de credos, agremiações e deuses as maiores atrocidades foram cometidas. O enredo é sempre o mesmo. Às vezes o que muda é o tom, a cadência, porém no final das contas o conjunto da obra harmoniza sempre com a velha verve selvagem que habita em todos nós.


Evoluímos a passos largos em tecnologia, contudo avançamos num ritmo alucinante de um cágado, em termos das relações interpessoais. O ser humano continua sendo aquele ser assustado com os insetos que habitam as cavernas e com as outras criaturas que tão somente tem a pretensão de coexistir.


É por essa razão que cotidianamente nos deparamos com barbáries ocupando os principais veículos de comunicação. Uma vez ameaçado, o único animal pensante que habita na Terra parte para o confronto e não abre mão das ferramentas de extermínio.


Não é à toa que temos visto uma matança impiedosa e covarde de macacos.
Estamos num espaço destinado à área médica. Discorrer sobre a febre amarela, portanto, além de chover no molhado significaria, para mim, atravessar um pântano com areia movediça. Certamente iria afundar, pois a probabilidade de escrever alguma besteira seria grande, considerando a falta de domínio com a matéria.


Sinto-me apenas no dever de chamar ainda mais a atenção sobre a perseguição descabida aos desprotegidos macacos. Vítimas do homem e do vírus, os nossos primos primatas estão sendo abatidos pela ignorância e o prazer mórbido pela caça.


Dissipar o hospedeiro (os macacos) não irá afastar a doença.  A insipiência humana é tema de vários vetores, na escola, na política e também na arte. Nos anos oitenta tínhamos um célebre e notável programa humorístico de televisão chamado Planeta dos Homens em que macacos inteligentes interagiam com humanos satirizando o nosso peculiar modo de viver.
Sócrates, um dos macacos do programa era dono de um bordão que debochava dessa maneira desastrosa com que lidamos uns com os outros e com a natureza de um modo geral.


Eu não sei se a teoria de Darwin irá alcançará os macacos nos próximos milênios, pois a real ameaça de extinção e a iminente nova safra de super-humanos talvez impeça que daqui a dois mil anos troquemos algumas ideias com esses parentes mais próximos.


Mas se fosse possível, não tenho dúvidas de que seríamos abordados por um deles, que estupefato nos perguntaria: Se temos noção de que é crime ambiental matar animais; de que a forma de conter o vírus da febre amarela é investindo em vacinação, por qual razão insistimos em cometer tais infrações?


A reposta do humano eu não sei, mas desconfio que o símio encerraria o debate com o mesmo bordão da personagem Sócrates: Não precisa explicar. Eu só queria entender...
 
Autor: Dr. Jansen Oliveira
Consultor jurídico da SRRJ