Resumo caso apresentado no clube do reumatismo – Abril/2021
Apresentado pela Dra. Ligia Rocha, residente de Clínica Médica do HUAP/UFF
Paciente 44 anos, feminina, referenciada para o serviço de
cirurgia torácica do HUAP em Out/20 para investigação de adenomegalia
mediastinal evidenciada em tomografia de tórax de Jul/20 motivada por quadro de
tosse seca persistente por 3 semanas. Previamente hipertensa, com história de
epilepsia na infância e com relato prévio de “Artrite Reumatoide” em uso
irregular de Metotrexate com poliartralgia de distribuição reumatoide, sem
relato de deformidade articular;
Em Mar/20 iniciou quadro de febre diária, emagrecimento, associado a
rebaixamento do sensorio.
Na chegada à enfermaria de Clínica Médica em Outubro apresentava
síndrome edemigênica, febre e importante labilidade emocional.
Bradipsíquica, hipocorada, desidratada, acianótica e anictérica. Mal
distribuída hidricamente. Febril, hepatoesplenomegalia. MMII: Edema bilateral
até coxas. MMSS: Mãos sem deformidades articulares, sem artrite ou artralgia.
Exames complementares evidenciaram: Anemia Hemolítica autoimune; Insuficiência
Renal com sedimento ativo; Tomografia de tórax e abdome com adenomegalia
mediastinal, axilar, ilíaca (5cm); Ressonância Magnética (RM) de crânio sem
alteracoes. Síndrome colestática; Aumento expressivo da ferritina e líquor
(LCR) normal. Evoluiu com piora clínica e laboratorial, triglicerídeos
discretamente aumentado, Ferritina 70.000 ng/mL, TAP e PTT alargados,
complemento consumido, FAN 1:1280.
Foram postulas hipóteses de Lúpus Eritematoso Sistêmico e Síndrome da Ativação Macrofágica (SAM), além de Tuberculose ganglionar, Foi então submetida a pulsoterapia com metilprednisolona. Houve normalização da função renal e melhora neurológica parcial que motivou o início de imunoglobulina humana que gerou excelente resposta com queda da ferritina em seis vezes, resolução da anemia e da colestase. A biópsia de medula óssea não evidenciou hemofagócitos. Foi, também, biopsiado linfonodo ilíaco por vídeolaparoscopia (histopatológico com processo granulomatoso necrosante. Exame direto negativo para fungos e micobactérias).
Em Dez/20 apresentou rebaixamento do sensório, crise convulsiva tônico clônica generalizada e intubação orotraqueal. Análise do LCR firmou o diagnóstico de Meningite Tuberculosa e houve melhora clínica importante com a terapia tuberculostática. Após documentada normalização do LCR, foi iniciada imunossupressão com ciclofosfamida em Jan/21 para continuidde ambulatorial.
Em Mar/21 retorna ao HUAP com queixa de febre diária e diplopia.
Apresentava bulging eyes e oftalmoparesia. Novo LCR evidenciou aumento de
polimorfonucleares e hiperproteinorraquia. RM crânio: lesão compatível com
tuberculoma; confirmada por biópsia cerebral.
O surgimento do tuberculoma costuma ser entre 4 semanas e 18 meses após o
início do tratamento e sua presença está associada a neutrofilia no LCR.
A
reação paradoxal é caracterizada por piora de lesões tuberculosas pré
existentes ou surgimento de novas lesões em pacientes que vinham em melhora com
o tratamento por pelo menos 10 dias. Pode, falsamente, sugerir resistência às
drogas e as alterações do LCR sugestivas são: pleocitose com virada do
predomínio celular de mono para polimorfonucleares e hiper proteinorraquia. Instituiu-se
o tratamento proposto com corticoterapia e houve melhora sintomática
significati