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Resumo sobre Dosagem de Anticorpos neutralizantes após vacinação segundo

Nota Técnica SBIm 26/03/2021

A complexidade da imunidade pós-vacinal ou mesmo após doença natural, no entanto, não corrobora a realização dos testes, pois os resultados não traduzem a situação individual de proteção 

Porém, os estudos de avaliação de eficácia vacinal baseados em testes sorológicos têm demonstrado grandes variações, frente às diferentes vacinas, complicando ainda em um cenário de circulação das novas variantes de atenção/preocupação (variants of concern, na sigla em inglês-VOC) em vários países ou regiões

               O surgimento dessas variantes gerou a preocupação global de se avaliar eventual escape da resposta imune em indivíduos previamente infectados por outras cepas e nos vacinados. Estudos demonstraram redução do potencial neutralizante dos anticorpos para as variantes, mais acentuada para a cepa identificada na África do Sul (B.1.351) comparativamente à cepa identificada no Reino Unido (B.1.1.7). Estudos da capacidade de neutralização dos anticorpos para a variante P.1 estão em andamento.

               O surgimento das VOC levantou a preocupação quanto à eficácia das vacinas contra estas variantes. Para as vacinas que utilizam unicamente a proteína S como antígeno (vacinas de mRNA e vetor adenovírus), as mutações presentes nessa proteína, são particularmente preocupantes.

               O teste laboratorial que se entende como o de melhor correlação com a situação “in vivo” se denomina teste de neutralização. Nele, mede-se a capacidade do soro de convalescentes e vacinados impedir que os vírus, consigam invadir células.

               Os resultados de vários trabalhos com soro de vacinados com diferentes vacinas têm convergido para resultados que mostram uma redução da capacidade neutralizante para as variantes B.1.351 e P.1 e pouca ou nenhuma redução para a variante B.1.1.7.

               Entretanto, sabemos que a resposta imune desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos neutralizantes. Tanto a infecção natural quanto a vacinação, geram também anticorpos não neutralizantes que agem de maneira diferente, e a estimulação de células TCD4+ e TCD8+ (imunidade celular), que exercem importante papel na proteção contra a COVID-19. Um estudo que avaliou a resposta imune para as variantes de preocupação mostrou que a imunidade celular, diferentemente da resposta humoral, é pouco afetada. Além disso, aliada à resposta imune específica, contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções.

               A complexidade que envolve a proteção contra a doença torna desaconselhável a dosagem de anticorpos neutralizantes com o intuito de se estabelecer proteção clínica.

               Isso corrobora o que alguns dados de vida real têm evidenciado: até o momento não se tem observado casos graves e óbitos em indivíduos vacinados

REFERÊNCIAS

1. Sabino EC, Buss LF, Carvalho MPS, Prete CA Jr, Crispim MAE, Fraiji NA, et

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2. S.A. Madhi, V. Baillie, C.L. Cutland, M. Voysey, A.L. Koen, L. Fairlie,et al.

Efficacy of the ChAdOx1 nCoV-19 Covid-19 Vaccine against the B.1.351

Variant. New England Journal of Medicine 2021, DOI:

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3. Garcia-Beltran WF, Lam EC, St. Denis K, Adam D, Nitido ZH, Garcia BM, et

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https://doi.org/10.1101/2021.02.14.21251704.

4. Claro IM, da Silva Sales FC, Raimundo MS, Candido DS, Silva CAM, de Jesus

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