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TREINAMENTO FUNCIONAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: BENEFÍCIOS PARA OS PEQUENOS DESTA "ERA DIGITAL"

Com as mudanças no estilo de vida da sociedade atual, tornou-se muito comum vermos crianças e adolescentes preferindo computadores e videogames aos jogos e brincadeiras ativas. Além disso, em algumas cidades, a violência e a sensação de insegurança limitam a atividade física em parques e locais públicos.

Muita gente, ao ouvir falar de treinamento funcional, logo pensa em adultos fazendo exercícios para obter um melhor condicionamento físico. No entanto, o conceito de treinamento funcional é bastante amplo e pode ser adaptado para prática também por crianças e adolescentes.

Podemos simplificar a definição de treinamento funcional como todo programa de exercícios que tem como objetivo melhorar a habilidade de realizar atividades normais da vida diária com eficiência e autonomia. 

Na última década, o termo vem se popularizando e ganhando adeptos e espaço nas academias, trazendo a ideia de uma modalidade que trabalha o corpo de forma integrada (envolvendo flexibilidade, coordenação, equilíbrio, propriocepção, agilidade), melhora performance, evita lesões e possibilita uma atividade física mais motivadora, dinâmica e também segura, inclusive para os nossos pequenos, pois os movimentos utilizam o próprio peso corporal da criança sem cargas excessivas. A maioria dos educadores recomenda que o praticante tenha pelo menos quatro anos de idade, para que a maior independência motora e cognitiva a partir desta idade promovam segurança e melhor aproveitamento dos movimentos a serem trabalhados.

O treinamento funcional está mais perto da realidade das crianças do que pode inicialmente parecer. Brincadeiras como corridas, pular cordas e vivo-morto, dentre outras, são consideradas funcionais, porque trabalham habilidades motoras fundamentais e padrões de movimento comuns à idade, como correr, saltar, rolar, agarrar, escalar, chutar, rebater, empurrar, puxar e agachar. 

Para as crianças, o treinamento funcional ainda pode trazer uma série de benefícios, além do condicionamento físico e desenvolvimento motor, como: 1) Flexibilidade; 2) Agilidade; 3) Resistência; 4) Coordenação motora; 5) Gasto de energia e controle do ganho de peso corporal; 6) Estímulo ao desenvolvimento cognitivo; 7) Consciência corporal e controle mental; e 8) Socialização.

A estrutura do programa vai variar de acordo com a faixa etária (pré-escolar, escolar e adolescente), em sessões de duração de cerca de 50 minutos, no geral com frequência de 2 vezes por semana, envolvendo etapas de: 1) aquecimento (para preparar os músculos e o sistema cardiocirculatório para a fase seguinte); 2) parte principal (prática das habilidades motoras através de jogos, brincadeiras tipo pular corda ou vivo-morto, circuitos de corrida e obstáculos, estórias e músicas) e, por último a fase de acalmia com atividades que promovam uma queda gradual da frequência cardíaca e ainda permitam às crianças expor suas dificuldades/preferências em relação ao que foi trabalhado na sessão.

O programa de treinamento funcional deve ser elaborado, aplicado e supervisionado por profissionais de Educação Física ou fisioterapeutas capacitados para a atividade e com experiência na atuação junto à população infanto-juvenil, sempre através de aulas motivadoras, divertidas e desafiadoras, para que as crianças tenham experiências positivas com a atividade física e aumentem suas chances de tornarem-se adultos fisicamente ativos.

Autora: Dra. Adriana Rodrigues Fonseca

Reumatologista pediátrica da SRRJ